DAS CASAS QUE ME HABITAM

Vivi em um bocado de diferentes casas e percebo que a cada mudança carrego muito de cada uma delas comigo. As guardo em caixinhas miúdas ou penduradas nas paredes, tatuadas nas costas, nas orelhas enfeitadas, nas bonecas costuradas. Mas muitas delas ficam escondidas por detrás do perfume de tangerina e só me aparecem nas manhãs ensolaradas de março, mês do meu aniversário.

Ao terminar o livro Na Casa Deles, em parceria com a querida Edith Chacon, decidimos revisitar cada uma de nossas moradas e dessa viagem nasceram estas imagens.

Aqui compartilho um bocadinho deste navegar: chaves de portas que já não sei se existem; chãos de nuvens do apartamento da Doutor Alfonso; desejos guiados por barcos que voam; conversas bordadas em inúmeros cafés da tarde; azulejos contados e recontados na casa de banho de minha avó; a casa da Vila dos Remédios, onde nasci e algumas tantas outras tramas costuradas e recosturadas durante esse revisitar.

Carnaval . 2020